terça-feira, 25 de dezembro de 2007

.:. AUTOMÓVEL SERÁ UM CASULO .:.

Por Fernando Calmon
Casulo
Radar versus sensor ultra-som


Coluna elétrica de direção




Módulo de freio estacionamento elétrico


É um fato. Avanços da medicina e, em particular, da geriatria estão prolongando a vida de um número crescente de pessoas no mundo. Ter liberdade de continuar dirigindo com segurança e prazer vem-se tornando uma das melhores demonstrações de auto-estima de que os idosos podem desfrutar.
O assunto interessa a muita gente pelas estatísticas mundiais e porque todos almejam chegar bem de saúde física e mental à “melhor idade”. Nos EUA, por exemplo, quem já passou dos 65 anos forma o contingente etário que mais cresce no país. No Brasil, quase 10% da população tem além de 60 anos. Segundo o IBGE, em 2050 o “país dos jovens” dará lugar a outro, onde a população acima de 65 anos se igualará à de crianças até 14 anos.
A indústria automobilística se prepara, desde agora, para atender essas demandas crescentes. Afinal, a perda gradual da visão, dos reflexos, da audição e do vigor físico desestimulam os motoristas idosos, tolhendo suas opções de transporte e sua independência para ir e vir. Acabam abandonando o volante de forma prematura.
As estatísticas perfeitas dos EUA apontam que os veteranos respondem por 12% das fatalidades no trânsito. Não é tão alto se comparado a outros grupos etários, mas a freqüência dos acidentes por distância percorrida supera os jovens ou os de meia-idade. A idéia, portanto, é desenvolver recursos que reduzam os efeitos do envelhecimento no ato de dirigir.
Acuidade visual menor indica o caminho principal das pesquisas. Há alongamento do tempo necessário para ler mostradores e interpretar informações. Não basta ampliar a área visível. É preciso ajustar ângulo de visão, usar letras, números e gráficos maiores, ampliar contraste com o fundo do quadro de instrumentos, aplicar cores mais visíveis e compensar interferências da luz ambiente.
Como a visão significa até 95% da informação primária ao guiar, a empresa de autopeças TRW destacou algumas tecnologias existentes, úteis a todos os motoristas, em especial os já bem-vividos. O radar AC20 detecta objetos a 200 metros e se a distância ao obstáculo diminuir muito depressa, ordena pré-frenagem ou elimina a folga dos cintos de segurança, revertendo se nada ocorrer.
A Lane Guidance (Guia de Faixa) monitora a trajetória correta por meio de uma câmera que analisa a pintura divisória no piso. Se o carro desvia sem a luz direcional ligada, o sistema envia um sinal vibratório embutido em cada lado do assento do banco, como em alguns modelos vendidos no Brasil. Ou atua de forma direta no volante de direção.
Informação auditiva também conta e, nos idosos, essa deficiência pode resultar em acidentes. Os projetistas já sabem: freqüência abaixo de 2.000 Hz e volume alto são essenciais para sons de alerta. Intervalos menores entre bips e intensidade crescente indicam nível de urgência ou de atenção maiores. Os mais jovens deverão conviver com esse possível desconforto em favor da segurança.
E, finalmente, assistência elétrica compensará parte da perda do vigor físico. Além das aplicações conhecidas, o freio de estacionamento será acionado e desligado de forma automática ou por meio de botão. E ainda há muito mais por vir. O automóvel tende a se tornar um casulo.

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