quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

.:. DE CARTÕES E DE FERROVIAS .:.

O ministro Hélio Costa gastou apenas 150 reais por mês com o seu cartão. O ministro Celso Amorim nem é mencionado na lista dos gastadores. E um leitor apóia o slogan "Um ferroviarista para presidente"

UM de meus leitores habituais, felizmente a invenção do blog (o meu é fabiopdoyle.zip.net) facilitou a divulgação de idéias, fez uma observação válida sobre um dos meus escritos. Ele diz que o comentário que eu fiz, e não fui o único, sobre o uso e abuso dos cartões corporativos de crédito - aqueles entregues a servidores de alto nível com despesas respectivas pagas pelo governo - teria deixado a entender que todos os ministros praticaram as irregularidades denunciadas. Diz ele que não foi assim. E cita dois exemplos: o do ministro das Relações Exteriores e o das Comunicações. O primeiro, o diplomata Celso Amorim, o segundo o senador Hélio Costa, mineiro de Barbacena.

REGISTRO a observação sobre Hélio e Amorim, por ser verdadeira. Mas não "deixei a entender", salvo interpretação falha de minha parte, que "todos os ministros praticaram irregularidades" no uso do cartão. Apenas fiz referência aos casos divulgados, e aparentemente comprovados, de abusos cometidos.

FICO feliz em registrar que o ministro Hélio Costa, jornalista dos mais dignos, que trabalhou comigo no início de sua vitoriosa e vertiginosa carreira, como repórter do saudoso e glorioso "Diário da Tarde", não teve seu nome envolvido no escândalo.


Pelo que li, em 2007 ele gastou com o cartão corporativo pouco mais de R$ 1.800,00, ou seja, cerca de R$ 150,00 por mês, uma ninharia. E mais: ao saber do problema criado pelos que abusaram do gasto fácil, rasgou o seu cartão na hora. Um belo gesto, e outro não poderia eu esperar de Hélio Costa.

QUANTO ao ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, eu o conheci na casa do embaixador José Aparecido, como secretário-geral do Ministério, escolhido por José Aparecido, que assumiria o cargo de ministro, mas adoeceu na véspera de sua posse. Tivemos oportunidade de conversar naquela e em outras ocasiões, e ele me passou a imagem de um homem público sério, correto. Daí não ser surpresa não estar seu nome na lista dos que abusaram.

OUTRO leitor do meu blog comenta, elogiando o que escrevi sobre o meu sonho de termos na presidência da República alguém sensível ao problema das ferrovias, um tema que defendo há muitos anos. Aliás, foi dos artigos com mais retorno para o seu autor. "Um ferroviarista para presidente", foi o título do que dei ao texto, em 10 de janeiro, comentando o estado precário de nossas rodovias federais, especialmente a BR-040 no trecho Belo Horizonte-Juiz de Fora.


Lembrei, ainda, os bons tempos da Estrada de Ferro Central do Brasil, que ligava nossa cidade ao Rio, primeiro com máquinas movidas a carvão, depois, com o emprego do confortável, limpo e rápido Vera Cruz, movido a eletricidade. Governantes inconseqüentes e imprevidentes acabaram com os dois sistemas , o do carvão e o do Vera Cruz, as estações foram abandonadas, ou transformadas em centros culturais, os trilhos foram vendidos e a memória dos bons tempos mandada para o arquivo.

SOBRE o tema, o leitor cita artigo publicado no "O Estado de S. Paulo" do dia 12 de fevereiro último, pelo sr. Gregório Rabelo, diretor da Agência Nacional de Transportes Terrestres - ANTT.O artigo, e a carta do leitor, são extensos, mas tentarei resumir os dados que ele ressalta ao apoiar a minha sugestão, a do "presidente ferroviarista", que aliás, pode ser qualquer um dos candidatos já falados, desde que encampe e defenda a necessidade de construirmos um sistema ferroviário moderno em todo o país.


O sr. Gregório Rabelo diz que a China conta com a mais alta ferrovia do mundo, a que percorre o Tibet, a linha Pan-Himalaia, a 5.072 metros acima do nível do mar. construída a partir de 1958 no governo do ditador Mao Tsé-Tung. Conta, ainda, que a Canadian Pacif Railway, liga Vancouver a Montreal, no Canadá, atendendo, ainda, a diversas cidades norte-americanas, entre elas Chicago e Nova York e foi construída originalmente entre 1881 e 1885.

A Rússia implantou a ferrovia Transiberiana, entre 1891 e 1916, nos tempos dos czares (quem se lembra deles?). Com 9.289 km, a ferrovia liga a Europa ao Oriente, é a mais longa do planeta, atravessa oito fusos horários e tem importância econômica, pois transporta 30% das exportações russas.

AINDA no mesmo artigo, a informação de que a Union Pacific Railway, nos Estados Unidos, que liga o Pacífico ao Atlântico, foi iniciada em 1862 pelo presidente Abraham Lincoln. Os EUA tem hoje a mais extensa malha ferroviária do mundo, cerca de 200 mil km, transportando carga e passageiros da nação justamente mais rica do planeta.

AGORA, o Brasil: em 1922, na chamada República Velha, tínhamos 35 mil km de ferrovias. Hoje, restam apenas 28 mil km, dos quais somente podem ser usados 22 mil. Um número ridículo, que diz bem como o transporte ferroviário tem sido tratado neste país por sucessivos governos e presidentes.

A IDÉIA está lançada, e não é a primeira vez que abordamos o assunto. Agora, porém, com um slogan, que pode ser adotado por quem quiser, que não iremos cobrar direitos autorais. "Um ferroviarista para presidente!"

Fábio P. Doyle
Jornalista
Da Academia Mineira de Letras

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