segunda-feira, 5 de maio de 2008

.:. CITROËN COMEMORA 60 ANOS DE EXISTÊNCIA DO LENDÁRIO MODELO 2 CV .:.

Desde o mês passado, a Citroën e a Cité des sciences et de l’industrie se associaram para celebrar, em exposição histórica em Paris, os 60 anos do 2 CV. Denominada “2 CV Expo Show – O essencial na essência”, a exposição terá duração de aproximadamente oito meses, com previsão de encerramento em 30 de novembro.
Fotos: Divulgação
2 CV

Simples e ao mesmo tempo inovador, o “dedeuche”, como era carinhosamente chamado em seu país natal, ou “dechevô” (pronúncia de 2 CV, em francês) no Brasil, foi um dos responsáveis pela motorização da França no pós-Segunda Guerra. Era um carro barato, resistente e extremamente prático. A homenagem é nostálgica, mas a celebração realçará, sobretudo, o espírito vanguardista do Citroën 2 CV. Um espírito profundamente cravado nos genes da Citroën, tal como se pode verificar com o recente concept car C‑Cactus.

Estes dois modelos, 2 CV e C-Cactus, representam duas épocas com desafios sociais, econômicos e ambientais muito diferentes, mas compartilham uma mesma preocupação: fazer mais com menos. Ambos foram concebidos para otimizar a quantidade de peças, o peso, o consumo... e o preço, permitindo propor um veículo acessível à grande maioria e concentrado em valores essenciais como qualidade, estilo e habitabilidade. Na época, o Citroën 2 CV foi projetado para poder “atravessar um campo arado com uma cesta de ovos colocada na poltrona, sem quebrá-los”.

A simpatia do 2 CV junto às gerações sucessivas nunca diminuiu. Aqueles que o conhecem ficam rapidamente apaixonados pelas suas formas. Uma boa natureza que o Pequeno Citroën continua mostrando em todas as estradas do mundo. Não é, nada raro, hoje em dia, cruzar com um incansável 2 CV nas estradas européias e sul-americanas − o modelo foi fabricado (e vendido em grandes quantidades) na Argentina.

Com seu conceito econômico e simples aliando as últimas evoluções tecnológicas da época, o 2 CV revolucionou a indústria automobilística e a sociedade ao abrir o caminho para o carro econômico, popular e polivalente. Essa vontade de inovar, que animou os engenheiros nas décadas de 1930 e 1940, permanece até hoje nos genes da marca Citroën.

Em abril de 1976, a Citroën lançou o 2 CV Spot (com 1.800 exemplares produzidos), primeiro de uma sucessão de séries limitadas. Em março de 1985, o 2 CV Dolly e, em outubro de 1990, veio o famoso 2 CV Charleston, com carroceria bicolor. De carro-ferramenta, o 2 CV foi se transformando em carro para jovens e mulheres, razões pelas quais foi ficando mais alegre e refinado. Há de acrescentar que o 2 CV oferecia uma vantagem eminentemente feminina: ele oferecia por um preço módico, o luxo de poder andar de conversível.
AS MULHERES SABEM USAR SEU 2 CV

Logo no início da comercialização do 2 CV, a Citroën fez sua propaganda exaltando os inúmeros méritos do modelo com um folder comercial mostrando fotografias da infinidade de utilizações que se podia ter com este carro polivalente. Este “canivete suíço” das estradas era útil tanto para o padeiro quanto para o caixeiro viajante, sendo também indispensável tanto ao padre da paróquia quanto ao dono do comércio de calçados.

Fenômeno vanguardista no fim dos anos 1940, o sexo feminino não foi esquecido: a mulher na direção era um fenômeno novo. Podia-se ver a parteira ou a modista carregar completamente seu pequeno Citroën. Já que as especificações de origem previam que o carro devesse ter condições de atravessar um campo arado com uma cesta de ovos dentro do porta-malas sem quebrar nenhum, foi perfeitamente natural ver uma fazendeira ir à feira dirigindo um 2 CV.

UM CV, 2 CV

Idade: 60 anos
Local de nascimento: departamento de engenharia da Citroën (na época instalado 48 rue du Théâtre em Paris 15°), centro de testes da Ferté-Vidame (Eure-et-Loire) e usina de Levallois (situada 54 quai Michelet, destruída em 1988).
Características de origem: motor de 375 cm³ de 2 cilindros em posição horizontal refrigerado com ar que permitia chegar a 60 km/h, caixa de câmbio de três marchas + uma sobre-multiplicada, suspensão com grande curso, e entre alguns detalhes divertidos, limpador de pára-brisa acionado pelo cabo do velocímetro! O 2 CV era econômico e ecológico antes do tempo, já que seu consumo de gasolina era da ordem de 20 a 25 km/l.
ESTUDOS

O 2 CV é um puro produto do departamento de engenharia da Citroën. Com o nome de projeto TPV (Toute Petite Voiture, Carro Pequeno), suas especificações foram definidas em 1936 por Pierre Boulanger, o diretor da Citroën na época. Este confiou sua concepção à equipe dos engenheiros de André Lefebvre, que criou um primeiro protótipo dirigível logo em 1937. A apresentação do Pequeno Citroën no Salão de Paris em outubro 1939 foi cancelada por causa da declaração de guerra. Os estudos voltaram a ser desenvolvidos durante a Ocupação e deles saiu o 2 CV tal como foi lançado 60 anos atrás, no Salão de Paris de 1948.

ME CHAME « DEDEUCHE »

Mede-se a popularidade do 2 CV pela variedade dos apelidos pelos quais ele é, ou foi, chamado na França e no mundo inteiro: “Deux-pattes” (Duas patas), de “Deuche”, “Dedeuche”. Ele também já foi qualificado de “Quatro rodas debaixo de um guarda-chuva” e de “Guarda-chuva de quatro rodas”. Outros apelidos carinhosos foram “Eterno” e “Pulador” (termo usado logo depois da guerra para destacar o fato de suas rodas se agitarem muito dentro dos pára-lamas). Uma simples pesquisa na Internet permite descobrir apelidos engraçados como “Patinho Feio”, “Cocorico” (porque o ele reproduz o canto do galo quando se dá a partida) ou “salta-bancos de neve” (de fato, ele também anda muito à vontade na neve).

Os alemães e os holandeses apelidam o 2 CV de “Pato”. Em Flandres, ele é chamado de “Cabrita” (provavelmente o barulho do motor quando da partida). Ele é “Camelo de aço” na África setentrional, “Two ci-vi” no continente norte-americano e “Rättisitikka” na Finlândia − a tradução é “o carro do catador de papelão”.

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