Uma campanha mundial, durante toda a primeira semana do mês, vai mostrar a importância do leite materno no combate a desnutrição infantil e como as mães podem enfrentar os principais problemas que surgem durante o aleitamento.
O Pediatra Moises Chencinski aponta a falta de informação como um dos maiores obstáculos enfrentados pela gestante e afirma que a orientação para a mãe deve ser dada logo na maternidade
É já na maternidade que a mãe deve ser orientada sobre como vencer as dificuldades iniciais do aleitamento para manter a lactação e sobretudo criar uma rotina com a criança para que ela se acostume com a amamentação e não recuse o leite materno.
“É preciso que toda unidade hospitalar que ofereça serviços de maternidade e de cuidados para os recém-nascidos tenha uma política de aleitamento, com uma equipe treinada e capaz de dar à gestante todas as informações necessárias sobre o ato de amamentar”, afirma o Dr. Moises.
Para promover uma boa amamentação, que seja proveitosa para a criança e para a mãe, devem ser considerados vários aspectos que não dependem, apenas, de um do envolvidos. “Todos devem assumir as responsabilidades: a mãe, a família, o pediatra, a sociedade e, por incrível que pareça, até o bebê”, explica o médico.
A baixa produção de leite, a rachadura do bico do seio com sangramento e a mastite – a inflamação das glândulas da mama que pode ser causada pelo acúmulo de leite principalmente na primeira gestação - são alguns dos problemas comuns no início do processo de aleitamento que precisam ser entendidos pelas mães para serem superados.
Segundo o Dr. Moises Chencinski, muitos fatores podem ser determinantes na produção e oferta do leite materno. Estresse, alimentação inadequada, ingestão insuficiente de líquidos, sono inapropriado são algumas das condições gerais da vida da mamãe que podem interferir nesse processo.
“Evite-os, sempre que possível. O estresse, por exemplo, pode diminuir ou até acabar com a produção do leite, que é definida por hormônios do sistema nervoso central”.
Como o bebê nesses primeiros meses ainda está em fase de adaptação, seus horários não estão regularizados. O bebê tem necessidade de mamar à noite e para quem não está habituado a interromper seu sono, acordar 2 vezes à noite e ficar de 30 a 60 minutos amamentando pode ser uma tarefa difícil. “É importante que a mamãe se recupere, dormindo e descansando enquanto o bebê também estiver dormindo e descansando”.
O bebê precisa aprender a pegar o seio materno de forma adequada para que a sucção seja eficiente. Não adianta abocanhar apenas o mamilo. Assim ele apenas "morde" e não suga. Para uma "pega" adequada, o bebê precisa cobrir toda a aréola mamária (2 cm além do mamilo). A pressão exercida pela sucção será suficiente e eficaz para trazer o bico para o interior da sua boca, aumentando em 2 a 3 vezes o seu tamanho. Instintivamente ele aprende os movimentos de língua e mandíbula que fazem com que o leite esguiche diretamente na garganta.
“O pequenino precisa participar ativamente do ato de amamentar. Afinal de contas, é a sucção correta que estimula os hormônios femininos a atuar sobre a musculatura lisa que reveste os ductos mamários, favorecendo a saída do leite materno”, explica o especialista.
O hábito de “chupetar” o bico do seio deve ser evitado a todo custo, pois favorece o aparecimento de rachaduras. Para prevenir isso, coloque o seu filho em uma posição confortável e estimule-o a esvaziar um peito totalmente antes de oferecer o outro. Dessa forma, a lactação pode se manter por vários meses ainda.
Se o bebê se cansa com facilidade, chame-o pelo nome e faça intervalos entre a mamada de cada peito. Ao sugar 15 minutos, ele poderá ser colocado no ombro para descansar e arrotar. Se ele se satisfez na mamada com apenas um dos seios, na mamada seguinte ofereça o outro, mas, sempre que possível, ofereça os dois seios em cada mamada.
Sugar é instintivo, acalma e dá prazer ao pequeno. Crianças com necessidades orais satisfeitas dificilmente aceitam a chupeta. O apetrecho, portanto, deve ser evitado, pois com o crescimento pode evoluir para formas desagradáveis de deglutição não nutritiva, como roer unhas, morder a extremidade do lápis, sugar o lábio ou a língua.
O mesmo vale para a mamadeira. Além disso, o mecanismo de sucção desses bicos artificiais é bem diferente da técnica da ordenha, que promove o crescimento e o posicionamento correto da mandíbula, do palato, da língua e da musculatura da face, possibilitando boa deglutição e respiração e preparando a criança para a mastigação no futuro.
Para que seu filho se acostume com a amamentação mantenha uma rotina. Procure um local agradável e confortável para amamentar. Cada bebê tem seu ritmo de mamar. Com o tempo, o seu leite sai mais fácil e ele suga mais forte, o que faz a duração da mamada ser menor. Mantenha um intervalo entre 2 e 4 horas nos primeiros 2 a 3 meses e depois de 3 a 4 horas durante o dia.
A campanha Mundial de amamentação vai durar uma semana e vai destacar os Dez Passos para o Sucesso do Aleitamento Materno/Iniciativa Hospital Amigo da Criança:
1. Ter uma política de aleitamento materno escrita que seja rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde
2. Capacitar toda a equipe de cuidados da saúde nas práticas necessárias para implementar esta política.
3. Informar todas as gestantes sobre os benefícios e o manejo do aleitamento materno.
4. Ajudar as mães a iniciar o aleitamento materno na primeira meia hora após o nascimento.
5. Mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação, mesmo se vierem a ser separadas dos filhos.
6. Não oferecer a recém-nascidos bebida ou alimento que não seja o leite materno, a não ser que haja indicação médica.
7. Praticar o alojamento conjunto – permitir que mães e bebês permaneçam juntos - 24 horas por dia.
8. Incentivar o aleitamento materno sob livre demanda.
9. Não oferecer bicos artificiais ou chupetas a crianças amamentadas.
10. Promover grupos de apoio à amamentação e encaminhar as mães a esses grupos na alta da maternidade
“Amamentação deve ser um ato de carinho, não de cobrança. Deve transmitir amor, não culpa. Deve transmitir prazer, não dor. Deve ser estimulada, não imposta”, conclui o especialista.
SOBRE O DR. MOISES
Dr. Moises é médico Pediatra pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Formado pelo CEPAH – Centro de Pesquisa e Aperfeiçoamento em Homeopatia e autor dos livros HOMEOPATIA mais simples que parece (2007) e GERAR E NASCER um canto de amor e aconchego (2008).
O especialista é Professor do Curso de Especialização em Homeopatia com Ênfase em Saúde Pública e Estratégias de Saúde da Família da Prefeitura de São Paulo em convênio com o Ministério da Saúde (Programa Nacional de Práticas Integrativas e Complementares – PNPIC). Além de colunistas em sites e revistas especializadas.
www.doutormoises.com.br
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