sexta-feira, 24 de agosto de 2007

.:. POLÊMICA QUE SE ARRASTA .:.

A frota brasileira de veículos, incluída a de duas rodas, rompeu a barreira de 30 milhões de unidades no final do ano passado e tende a crescer em ritmo bem mais forte do que nos últimos dez anos. Nesse nível é inconcebível que nenhum controle técnico — segurança e ambiental — se exerça. Existe apenas uma inspeção limitada e de baixa qualidade no Estado do Rio de Janeiro, mais voltada à arrecadação de taxas. Nos outros Estados nem isso. A polêmica sobre Inspeção Técnica Veicular (ITV) se arrasta há quase 15 anos e com perspectiva indefinida de solução.
O governo federal e os Estados não se entendem sobre como dividir as receitas das tarifas, sem contar as benesses de comandar as licitações e controlar as auditorias, sendo estas de fundamental importância para a credibilidade do programa. Afinal, é um bolo fantástico de R$ 3 bilhões/ano e certamente vai crescer a cada ano. A maioria dos motoristas (sempre obrigada a pagar a conta) está convencida da importância da ITV para a segurança do trânsito e a qualidade do ar.
A politização de assuntos técnicos tem o seu pior cenário atualmente na Câmara dos Deputados. Há um projeto de lei em tramitação há seis anos que federaliza a ITV, enquanto os Estados preferem assumir todo o processo. Aparentemente se caminha para uma licitação nacional em que lotes rentáveis se equilibrariam com os menos atraentes. O problema está na concentração de interesses, no risco de manipulação e no viés eleitoreiro. Aprovar uma lei que pode tirar de circulação milhões de veículos mal conservados também é desafio aos políticos.
As discussões não têm fim. Recentemente a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva realizou, em São Paulo (SP), mais um seminário em que se debateu o assunto. Nenhum consenso obtido. O Inmetro, responsável pela homologação dos equipamentos de inspeção, admitiu estar atrasado por excesso de tarefas. Mesmo as estações já credenciadas pelo órgão para vistoriar carros recuperados de acidentes não sofrem fiscalização devida. Há suspeitas de que veículos voltam a circular sem a garantia de consertos bem feitos.
Em meio a esses descasos, a Prefeitura de São Paulo quer iniciar em 2008 a inspeção ambiental na cidade que concentra cerca de 20% da frota nacional. Entre as intenções destaca-se o possível reembolso da taxa a ser paga pelos motoristas. Bom demais, se realmente confirmado. Ocorrem, porém, outros óbices. Um deles está em obrigar carros a partir de um ano de uso a passar, sem necessidade, pela avaliação. O padrão em outros países começa no quarto ano, depois no sexto e no oitavo, e daí por diante, anualmente.
Absurdo é impor a inspeção ambiental, sem a de segurança. Trata-se de um plano irracional porque aumentará os custos de implantação da ITV. Nas futuras estações completas apenas um quinto da área seria necessário para checar emissões de gases e ruídos. Terrenos são muito caros na capital paulista e o motorista não pode ser obrigado a ir a dois locais e pagar até duas tarifas. Quando muito, essa vistoria parcial deveria se limitar a veículos diesel e táxis.
O tempo serviria para aperfeiçoar idéias. No caso, ao contrário, surgem as piores.
RODA VIVA
Monovolume baseado no Citroën C3 para dar combate direto a Idea e Meriva chega mesmo em 2009, conforme a coluna antecipou há mais de um ano. Imprensa especializada francesa já chama o modelo, provisoriamente, de C3 Picasso e confirma 2009. De Porto Real (RJ) sairá também uma versão de visual aventureiro, no estilo do atual XTR.
Intercâmbio de verdade montou a General Motors entre suas filiais brasileira e polonesa. Daqui, segue a traseira do Vectra sedã, que lá se chama Astra sedã. De lá, vem à traseira do Astra hatch que aqui atenderá por Vectra hatch. Este modelo chega às concessionárias na primeira semana de setembro.
Alguns bancos ligados aos fabricantes de veículos estão fazendo convergir os juros do crédito direto ao consumidor. Ou seja, automóveis novos e seminovos comercializados nas concessionárias com taxas iguais. Há pouco tempo os seminovos tinham financiamentos mais caros. Como muitos usados foram entregues na troca por novos, essa foi a saída para diminuir o estoque nos pátios.
Prazos de garantia expandidos para dois ou três anos serão mais comuns de agora em diante no mercado brasileiro. Mas se deve ficar atento ao número de revisões pagas e trocas de óleo. Quando em excesso, o motorista acaba indiretamente bancando o período maior, pois as concessionárias costumam puxar nos preços de peças e mão-de-obra. Boa é a estratégia da Volvo, por exemplo: durante a garantia de dois anos oferece manutenção de rotina sem custo.
Tanques de combustível tendem a aumentar de volume. Como os motores flex representam 90% das vendas, há quem reclame da autonomia quando se usa álcool. Mesmo que a maioria dos modelos consiga rodar quatro horas a 100/110 km/h. Na dúvida, Mitsubishi já lançou o TR4 flex com tanque ampliado em nada menos que 40%: passou de 52 litros para 73 litros.
Colaboração: Fernando Calmon - fernando@calmon.jor.br

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