quinta-feira, 27 de setembro de 2007

.:. Anoréxicas criticam campanha com modelo de 35 kg .:.

Celeste López

"Estamos horrorizadas. Indignadas. Lutar contra a anorexia não é veicular a fotografia de uma mulher nua, com peso de 35 kg, emaciada, exibindo as chagas do herpes e literalmente às portas da morte. Lutar contra a anorexia é bem diferente disso, e muito mais sério. Aquela imagem é totalmente contraproducente e tem por objetivo apenas promover uma marca", diz a paciente Elizabeth Jiménez, 26 anos, que está hospitalizada no Instituto de Distúrbios Alimentares de Barcelona há três meses e não consegue ocultar sua indignação profunda diante da imagem de uma jovem anoréxica que o fotógrafo italiano Oliviero Toscani registrou para divulgar uma marca de roupas femininas, a No-l-ita.

O sentimento é comum entre os 40 pacientes (dos quais apenas um homem) que compartilham de sua ala no instituto e debateram o tema durante uma hora em uma das sessões de terapia conduzidas no centro. Elisabeth, de Alicante, sofre de anorexia desde os 18 anos de idade. Era atleta de competição, disputando torneios de taekowndo, e sua obsessão por perder "um pouco de peso" e poder competir na categoria 50 kg a conduziu à sua situação atual.

Jiménez diz que não consegue compreender a modelo que posou para o anúncio, nem o fotógrafo que registrou as imagens e a marca que as está utilizando para fins de publicidade. E pela simples razão de que "isso não equivale a lutar contra a anorexia. Minhas companheiras e eu acreditamos que seja o contrário, aliás, e que o anúncio a fomente. As pessoas saudáveis decerto sentirão repulsas, mas posso garantir que, para uma mulher doente de anorexia, aquela imagem pode passar a representar um objetivo a ser atingido. Somos muito competitivas e, para nós, perder peso é um grande desafio".

Porque passou por tantas experiências dolorosas, ela está convencida de que a campanha da No-l-ita não ajuda em nada na luta contra a anorexia. Mas aprova iniciativas como a de proibir que modelos com peso abaixo de um mínimo desfilem profissionalmente nas passarelas. "Sei que é muito difícil compreender para pessoas que não sofram da mesma enfermidade que eu, mas o ponto é que se uma moça vê um vestido tamanho 32, fica obcecada por emagrecer a ponto de caber naquela roupa. O objetivo? Ficar o mais parecida possível com as modelos que desfilam aqueles roupas".

Tradução: Paulo Eduardo Migliacci ME
La Vanguardia

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