sexta-feira, 7 de março de 2008

.:. O Design e a mulher .:.

Em 1910, numa conferência internacional de mulheres realizada na Dinamarca, foi decidido, comemorar o 8 de Março como "Dia Internacional da Mulher". Esta data foi escolhida em função do primeiro protesto organizado por empregadas de indústrias têxteis de Nova York em 1857.

As operárias reivindicavam melhores condições de trabalho, redução da jornada de 16 horas e melhores salários, já que recebiam aproximadamente um terço dos salários dos homens. Este fato levou a uma versão distorcida dos acontecimentos, misturando este protesto com o
incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist, que também aconteceu em Nova York, em 25 de março de 1911, onde morreram 146 trabalhadoras.

Segundo esta versão, as operárias teriam sido trancadas e queimadas vivas como represália ao protesto, mas a verdade é que este fato nunca aconteceu. Sabe-se, porém que o incêndio real teve sua dimensão trágica devida às precárias condições do local de trabalho e que estas mulheres sacrificadas pelas chamas poderiam representar a necessidade de mudança.

Pretende-se com esta comemoração chamar a atenção para o papel e a dignidade da mulher na sociedade, promover uma tomada de consciência sobre suas dificuldades e principalmente rever preconceitos e limitações que vêm sendo impostos à mulher ao longo dos séculos.

Mesmo nos países mais desenvolvidos e igualitários em suas oportunidades, muitas mulheres são hoje protagonistas de três jornadas de trabalho, sendo duas delas silenciosas e muitas vezes invisíveis, nos papeis de dona-de-casa, esposa e/ou mãe.

Entretanto, nossa sociedade atual, capitalista em sua essência, ávida de consumo e carente de informação, prefere transformar esta data em um dia propicio para estimular a prática de dar presentes como forma de homenagem. Para os designers é um dia para lembrar que produtos e serviços deveriam traduzir as diferentes expectativas e necessidades de gênero.

Homens e mulheres guardam preciosas diferenças que devem ser entendidas, mantidas, respeitadas e valorizadas. Não se trata somente de projetar produtos que melhorem as condições de trabalho, reduzindo o esforço físico, o uso e o manuseio dos objetos de trabalho, seja em casa ou na empresa.

É necessário, além disso, entender e decodificar a lógica da fruição entre a mulher e seu mundo material. Usar com sabedoria e sensibilidade os repertórios simbólicos do universo feminino que funcionam como insumos inconscientes para sua auto-estima e valorização pessoal.

Eduardo Barroso Neto - Designer

site do autor: http://www.eduardobarroso.com

Artigo que nos foi mandado pela leitora e designer Eveline Andrade

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