quarta-feira, 12 de março de 2008

.:. PROIBIÇÃO .:.

CONSELHO FEDERAL DE MEDICINA PROÍBE VÍNCULO ENTRE MÉDICO E EMPRESAS INTERMEDIADORES DE PROCEDIMENTOS MÉDICOS COMO CIRURGIAS PLÁSTICAS

Foto: Divulgação
O CFM criou uma resolução proibindo qualquer tipo de vínculo de médicos com empresas que anunciem ou comercializem planos de financiamento, consórcios e similares.

Após diversos alertas sobre os riscos que pacientes correm ao submeter-se à realização de cirurgias plásticas através de intermediadoras, a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica conseguiu uma grande vitória junto ao Conselho Federal de Medicina.

O CFM criou a seguinte resolução, aprovada em 22 de fevereiro de 2008, “É vedado ao médico vínculo de qualquer natureza (atendimento de pacientes encaminhados ou não) com empresas que anunciem e/ou comercializem planos de financiamento, consórcios e similares para procedimentos médicos”. Os médicos que desobedecerem a Normativa do Conselho Federal de Medicina sofrerão sindicância no CRM e CFM, com sanções disciplinares efetivas.

Segundo Prado Neto, presidente da SBCP – SP, “com certeza é uma grande conquista em defesa da especialidade e em prol da imensa parcela de cirurgiões plásticos éticos que fazem da cirurgia plástica brasileira, uma especialidade reconhecida mundialmente”.

O cirurgião João de Moraes Prado Neto, que assumiu recentemente a presidência da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional SP, pretende fazer uma cruzada pela ética na profissão. Prado Neto acredita que é necessário assumir uma postura firme na formação dos jovens cirurgiões plásticos, que são o foco principal da sua gestão, cuja maior prioridade é o incentivo ao constante aprendizado.


Quando questionado sobre qual a melhor maneira de garantir com que esse aprendizado torne-se eficaz, ele é categórico “É necessário que façamos um ‘saneamento básico’. Isto é, que preparemos desde cedo os jovens cirurgiões dando as orientações éticas e morais adequadas, para que se tornem profissionais idôneos e não caiam em armadilhas”, afirma.

O médico deixa claro o carinho e zelo que tem pelo curso dos residentes e acredita que é fundamental esse investimento nos jovens talentos, pois eles são os herdeiros da SBCP. Além do ensinamento científico de qualidade, Prado Neto defende ainda, a implantação da matéria de ética no curso.

Outra meta importante é a luta contra a atuação dos consórcios de cirurgia plástica, que segundo ele são resultados da falha na formação dos profissionais. “Os consórcios trabalham com contratos. O paciente é atendido por um cirurgião e pós-operatório é feito por outro profissional. A relação médico-paciente inexiste”, afirma. Para Prado Neto, esse tipo de ação é antiética e banaliza a real e verdadeira responsabilidade da realização de uma cirurgia plástica, além de prejudicar a reputação dos profissionais sérios e idôneos.

O cirurgião explica que é muito difícil combater os consórcios e que a estratégia ideal para enfraquecê-los é justamente a formação ética e moral dos residentes. “Temos que criar essa consciência nos profissionais que ainda estão em formação, pois é muito difícil modificar o pensamento e a postura dos profissionais que já têm anos de carreira e enveredaram por caminhos que contrariam todos os preceitos da medicina”.

A preocupação da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo, é que as pessoas tenham a consciência de que os riscos de uma cirurgia plástica são os mesmos inerentes a uma cirurgia geral. E esses riscos aumentam quando a cirurgia é realizada em um ambiente impróprio, com anestesistas despreparados e cirurgiões que muitas vezes não pertencem aos quadros da SBCP. Muitas vezes o paciente chega a ser atendido por médicos diferentes: um no atendimento, outro na realização da cirurgia e um terceiro que faz o acompanhamento pós-operatório.

“De cada quatro casos de cirurgias mal sucedidas registradas no CRM, três são oriundas das intermediadoras”, alerta o cirurgião Carlos Alberto Komatsu, secretário da entidade. Outro fator preocupante é a utilização de próteses de silicone, substâncias e medicamentos utilizados nas cirurgias plásticas, cuja origem é extremamente duvidosa. “Recentemente apareceram próteses mamárias de silicone e toxina botulínica fabricadas na China. O custo delas são em média 25% do preço das próteses e substâncias de primeira linha”, completa Komatsu.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo, Prado Neto, formou-se na Faculdade de Medicina do Triângulo Mineiro. Posteriormente, estagiou em Cirurgia Geral no Hospital das Clínicas – USP-SP. Fez ainda residência no Hospital dos Defeitos da Face (SP), além de estágios nos EUA.

O cirurgião plástico é membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica, membro titular da Federação Ibero Latino-Americana de Cirurgia Plástica, membro Titular da ISAPS – The International Society of Aesthetic Plastic Surgery e ex-secretário da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica – Regional São Paulo (2004/2005).

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica nacional conta hoje com cerca de 4.500 membros, sendo que 1.514 fazem parte da Regional São Paulo.

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