sábado, 5 de julho de 2008

.:. BANCO DO BRASIL EXPÕE OBRAS DE FRANCISCO BRENNAND EM FORTALEZA .:.

Em comemoração aos 200 anos do BB, o Centro Cultural Banco do Brasil Itinerante promove, partir desta terça-feira (08/07) a exposição “Brennand: Uma Introdução”, composta de esculturas, pinturas e desenhos do artista pernambucano

Foto: DivulgaçãoOficina Francisco Brennand

Os 200 anos do Banco do Brasil serão lembrados em Fortaleza por uma exposição do escultor, desenhista e pintor Francisco Brennand, que acontece de 9 de julho a 10 de agosto no Museu de Arte Contemporânea (MAC), no Centro Dragão do Mar e Arte e Cultura. A atração faz parte do Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) Itinerante, que leva a todas as regiões do País atividades em música, cinema, teatro, literatura, artes plásticas, fotografia e educação. No próximo dia 25 de julho, o CCBB leva a Juazeiro do Norte o show do cantor e compositor Renato Teixeira.

A exposição tem curadoria de Olívio Tavares de Araújo e é composta de 33 esculturas, 17 pinturas e nove desenhos, selecionados entre as mais de 1700 obras presentes na Oficina da Várzea, próxima do Recife, onde o artista cria e mantém suas obras para visitação pública.

As criações mais antigas são os desenhos, como O Sonho e Nu, ambos dos anos 50, mas há também esculturas e pinturas de diferentes momentos, inclusive dos últimos 10 anos, como a escultura A Torre de Babel (1997), as pinturas A Viúva Alegre (2003) e O Anjo (2005), assim como os desenhos O Beco (2002) e Chapeuzinho Vermelho Vitoriosa (2003).

Segundo o curador Olívio Tavares de Araújo, a década de 70 marca a transição na obra do artista de uma pintura vinculada à religião e à cultura nordestina, como são os casos de Sexta-Feira da Paixão (1959/1961) e Tigre (1965), para uma escultura que destaca figuras da mitologia, formas sexuais, como pênis, vaginas, úteros, nádegas, expressam uma sexualidade crua sem erotismos, além de mulheres regidas pelo sofrimento, características presentes nas décadas seguintes. Essa mudança ocorreu após a criação em 1971 da Oficina da Várzea, que foi adaptada de uma fábrica semi-abandonada do pai do artista.

São várias as obras em torno de figuras femininas, como Antígona (1978), Lara (1978), Diana Caçadora (1980), Hália (1978), Maria Antonieta (1993), Helena de Tróia (1995) e Joanna d’Árc (1997), sempre abordando as dores da existência. Nesse sentido, ao contrário do que muito se escreve sobre Brennand, conforme afirma o curador, o artista não é vinculado a uma arte nacionalista e regional, mas universal, atemporal e mitológica.

Embora seja considerado por muitos um pintor Armorial, próximo do movimento criado por Ariano Suassuna, cuja matriz é o romanceiro popular, Brennand, segundo Tavares de Araújo, saiu dos temas regionais quando surgiu o movimento. A exposição tem por objetivo, conforme o curador, justamente, limpar os clichês em torno de Brennand, ampliando o alcance dos olhares sobre sua obra, assim como relativizando algumas verdades criadas com a repetição de falsas impressões.

SOBRE O ARTISTA

Foto: Divulgação

Francisco Brennand
Francisco de Paula Coimbra de Almeida Brennand nasceu em 11 de novembro de 1927 no Recife. Desde cedo o seu talento é revelado na escola. Em 1945, Ariano Suassuna, então um colega de classe, o convida para ilustrar os poemas que ele publicava no Jornal Literário do colégio, por ele organizado.

Incentivado pelo pai a cursar Direito para cuidar dos negócios da família, trocou as leis pela liberdade da arte, influenciado pelo contato com artistas em atividade nos anos 40 em Recife, como Abelardo da Hora e Álvaro Amorim.

Em 1947, recebeu o primeiro prêmio de pintura do Salão de Arte do Museu de Pernambuco, com o quadro de uma paisagem inspirada no engenho São João. Levando na mala esse reconhecimento, mudou-se, em 1949, para Paris. Aproveitou os anos na Europa para ampliar seus conhecimentos. Em 1958, inaugura o mural do Aeroporto Internacional dos Guararapes, no Recife e, entre 1961 e 1962 realiza uma das obras mais significativas da sua carreira: Batalha dos Guararapes, para uma agência do Banco da Lavoura de Minas Gerais, no Recife. O painel trata da expulsão dos holandeses do Brasil.

Em 1971, adaptou a fábrica de telhas e tijolos do pai, criada em 1917 e abandonada desde 1945, para o que se tornou a Oficina da Várzea, que funciona ao mesmo tempo como ateliê e museu. O artista trabalha com argila e usa forno de alta temperatura, 1400º C, para a queima das obras, sempre com combustão a óleo e vitrificação. A argila vem do Piauí, Rio Grande do Norte, Paraíba e Pernambuco.

Embora o próprio curador Olívio Tavares de Araújo considere as esculturas o forte de Brennand, por ter estilo único e inventivo, o próprio artista define-se acima de tudo como um desenhista. Para abrigar e expor essa produção específica inaugurou, em dezembro de 2003, o espaço Academia, também na área da Oficina da Várzea.

Participou de várias exposições nacionais e internacionais, individuais e coletivas. Sua obra recebeu diversos prêmios, sendo o mais importante deles, o Prêmio Interamericano de Cultura Gabriela Mistral, concedido pela OEA (Organização dos Estados Americanos), Washington, Estados Unidos, em 1993.

SERVIÇO:

Exposição Francisco Brennand

Quando: 8 de julho a 10 de agosto. (a data de abertura para o público é nove de julho)

Horário: das 14h às 21h, de terça a domingo.

Onde: Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura.

Rua Dragão do Mar, 81, Praia de Iracema. Fortaleza-CE

Tel.: (85) 3488-8624.

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