Gabriela Leite, que briga para regulamentar a profissão, lamenta ter ouvido do deputado Paulo Maluf que essa conquista seria uma imoralidade
Prostituta, acima de tudo é uma mulher. Têm o direito de fazer as suas opções, inclusive as sexuais. A avaliação foi feita por Gabriela Leite, prostituta aposentada, criadora da grife Daspu e fundadora da ONG Davida, durante o programa Roda Viva. A íntegra da entrevista, mediada pelo jornalista Heródoto Barbeiro, foi ao ar na TV Cultura ontem, sem qualquer corte ou edição.
Acho uma bobagem, uma pretensão imensa, essa história de querer salvar as pessoas. Salvar do que, questiona Gabriela. As pessoas têm o direito de fazer suas escolhas. Elas podem entrar ou sair livremente da prostituição. Até porque, só existe a oferta desse trabalho porque há demanda. ”
Para a criadora da grife Daspu, existe uma hipocrisia muito grande quando o assunto é a prostituição, que tem se acentuado muito nos últimos anos. Estamos vivendo uma onda muito conservadora.
As pessoas ainda hoje têm muito preconceito, lamenta. Dia desses, fui obrigada a ouvir do deputado Paulo Maluf que regulamentar a profissão é uma imoralidade.”
A única saída para Gabriela é sair debaixo do tapete, ir à luta. A gente nunca aparecia com medo de ser estigmatizada. Agora, com um projeto de lei tramitando na Câmara dos Deputados, de Fernando Gabeira, temos que nos organizar e fazer lobby. Só temos cinco deputados em nosso favor e a bancada religiosa faz muita pressão.
A fundadora da ONG Davida é totalmente contra a prostituição infantil. É importante deixar bem claro que o que defendemos é a prostituição adulta, consentida. ”
Para ela, a criança tem que brincar e estudar. “As pessoas ficam ai meu Deus está na prostituição... só que uma criança trabalhando na roça, cortando cana com sete, oito anos, é a mesma coisa. Fala-se muito de prostituição infantil, mas ninguém faz nada. ”
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