terça-feira, 7 de setembro de 2010

.:. ALTA RODA - 07 - 09 - 2010 .:.

COMO AVANÇAR EM SEGURANÇA

* Fernando Calmon

As mudanças nos equipamentos de segurança dos veículos, que seguem um escalonamento de aplicação até 2014, trarão uma necessidade maior de conhecimento sobre freios ABS e airbags ou bolsas infláveis. Pode parecer simples, mas não é.


Freios antitravamento (ABS) exigem que se pise com força máxima sobre o pedal, sem aliviar quando surgirem pequenas pulsações. Evitado o bloqueio das rodas, o motorista pode tentar uma manobra evasiva e sempre freando, mesmo em curvas. Todos os centros de formação de condutores deveriam ensinar essa técnica, mas é improvável que o façam espontaneamente.
Airbags exigem reposicionamento das cadeirinhas de bebê em picapes, por exemplo, e um treinamento de socorristas que precisam retirar pessoas presas em ferragens. Em casos de capotagem ou choques laterais, bolsas frontais não inflam, mas pode ocorrer durante um resgate com ferramentas de corte de metais.

Em boa hora a Associação Brasileira de Engenharia Automotiva (AEA) organizou, em São Paulo, o seminário Novos Desafios da Engenharia de Segurança Veicular. Vários temas foram debatidos. Carlos Gibran, da Bosch, adiantou que a nona geração do ABS será fabricada no Brasil, em 2012, a um custo 10% menor e funcionamento mais silencioso.

Oliver Schulze, da Takata, informou que os airbags já são produzidos aqui desde 1997 e que há tendência de módulos e bolsas menores para respostas mais rápidas. Os cintos infláveis, recém-lançados pela Ford nos EUA para ocupantes do banco traseiro, podem avançar, no futuro, também para os bancos dianteiros.

José Oka, do Cesvi, lembrou que se a adesão ao uso dos cintos, inclusive no banco de trás, aumentasse 10%, nada menos que 1.600 vidas por ano seriam salvas. Não haveria custos envolvidos, só mudança de hábitos. Limitadores de carga e pré-tensionadores, não exigidos no Brasil, aumentariam bastante a eficiência dos cintos, confirmou Celso Mazarin, da Chris. No entanto, a solução mais cara dos airbags “furou” a fila de prioridades, na opinião da coluna.

Discussões mais intensas ocorreram sobre os dispositivos de retenção para crianças até 7,5 anos. Antecipou-se o problema da falta no mercado de cadeirinhas desenhadas para uso com cintos abdominais, só banidos em 1999. Um fabricante se apresentou na plateia anunciando ter conseguido a homologação, embora reconhecendo que a eficiência seria menor em relação aos modelos de três pontos.

Cintos de três pontos não retráteis apresentam cadarços curtos e não se adaptam às cadeiras. A solução para pais conscientes seria instalar, em lojas, cintos retráteis, quando possível.

Trata-se de uma situação bem complicada. Os carros mais antigos obedeciam às exigências da época. O Contran precisou adaptar a lei à realidade, às vésperas de um longo feriado nacional. Tudo isso poderia se evitar, se o assunto fosse mais bem debatido em fóruns como esse.

Outro assunto de peso foi a criação de laboratórios independentes de testes de colisão. Países com indústria menores, como Austrália, Índia e Tailândia, possuem esses centros, que ajudam a controlar a segurança passiva. O Brasil deveria ter seu próprio programa de avaliação técnica de carros novos, inclusive importados. O novo parque tecnológico de Sorocaba (SP) possui área prevista para esse fim.

RODA VIVA

SEGUNDO informações da Anef (associação das empresas financeiras dos fabricantes), o índice de inadimplência no crédito de veículos em agosto último – 3,4% – foi inferior ao mesmo mês de 2008 (3,7%), antes da crise financeira global. Comprova a previsão da coluna: mesmo longas prestações e despesas de manutenção não levariam ao descontrole.

PESQUISA nos EUA apontam riscos de distração no transporte de animais de estimação (pets) em veículos. Podem pular no colo do motorista ou saltar entre os bancos. A recomendação é localizá-los sempre atrás e com cintos de retenção específicos, à venda em petshops. Em caso de acidente a 80 km/h, um cão de 5 kg transforma-se em uma massa de 250 kg em deslocamento.

NOVO Fiesta sedã, importado do México, destaca-se no uso do dia a dia pelo conjunto oferecido. Internamente consegue passar, ao mesmo tempo, a atmosfera moderna do painel central e comodidade dos bancos forrados de couro e encostos de cabeça dianteiros de ângulos bem estudados. Motor, câmbio e freios em bom nível. Tanque de combustível limita autonomia.

NAVTEQ, empresa de mapas digitais controlada pela Nokia, anuncia a navegação por satélite com informações de trânsito abrangentes e em tempo real. Serviço está disponível agora em seis das principais capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Salvador, Curitiba e Porto Alegre. Possibilita rotas alternativas em função dos congestionamentos.

SAIU a segunda parte do livro Memórias sobre Rodas, de Fabio Steinbruch. Focou sobre automóveis nacionais na virada da década de 1960 para 1970 com histórias curiosas, boas análises técnicas e contextuais. Encomendas em www.alaude.com.br . São 450 páginas, R$ 110,00.

Fernando Calmon é jornalista especializado e correspondente da CHIC, em São Paulo - fernando@calmon.jor.br

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