segunda-feira, 28 de abril de 2008

.:. A CULTURA DO O POVO .:.

Ao lermos a coluna Vertical S/A de hoje, que é assinada pelo jornalista Jocélio Leal, nos deparamos com o primor desta nota sobre o que é uma empresa jornalística e, principalmente por mostrar que Demócrito, não era um homem de negócios. Ele era - na essência - um jornalista comprometido com a cultura, como fazer um grande jornal com independência e responsabilidade. Com a devida autorização do Jocélio, estamos transcrevendo no BLOG.

A CULTURA DO O POVO
*Jocélio Leal

Uma empresa jornalística não é uma empresa como outra qualquer. Receitas, despesas, custos fixos, investimentos, lucro são palavras-chaves como em qualquer outra, mas as semelhanças são apenas aparentes. Uma empresa de comunicação encolhe quando seus líderes se transformam em homens de negócios. O produto que oferecemos é sofisticado demais para que nos igualemos a outros ramos.

Essa sofisticação, esse refinamento devem partir, a um só tempo, da cúpula e da base de uma organização. O encontro acontece na redação. A isso se dá o nome de cultura jornalística. Não é simples. Não se encomenda. É uma construção. É erguida ao longo de gerações. Por 80 ou mais anos e é determinante para o tipo de produto oferecido ao público. Decisiva também para o perfil profissional de quem nela é formado.

Demócrito não era visto como um homem de negócios, porque assim não o era. Jornalista era a sua melhor síntese. E ele não se contentava em ter essa percepção. Sabia que tinha o desafio quotidiano de formar seus quadros nessa cultura. E assim o fez ao longo de toda a sua carreira.

Bill Kovach e Tom Rosenstiel escreveram que “ser imparcial ou neutro não é um princípio central do jornalismo”. Ensinaram que nenhum jornal nem jornalista é neutro. A independência é algo bem diferente. Demócrito se foi, mas a cultura de independência é a cultura do O POVO.
* Jocélio Leal é jornalista e responsável pela coluna Vertical S/A do caderno de Economia do Jornal O Povo.

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