terça-feira, 6 de janeiro de 2009

.:. ALTA RODA – 06-01-2009 .:.


ENXUGAR PARA VIVER

*Fernando Calmon

O ano de 2009 começa prometendo uma reviravolta na indústria automobilística mundial. Há cerca de uma década, vários analistas previam um processo de consolidação que levaria à sobrevivência de apenas seis ou sete grandes grupos. A compra da Chrysler pela Daimler-Benz seria o ponto de partida, mas esse movimento não deu certo. Agora, volta-se a cogitar de que com menos de seis milhões de unidades fabricadas por ano marcas generalistas independentes teriam pouca chance de continuar no mercado. Deveriam se fundir com outras para alcançar tal escala produtiva.

No olho do furacão da atual crise financeira e econômica mundial estão os fabricantes de Detroit. A consolidação mundial passa, obrigatoriamente, pelo destino das Três Grandes: General Motors, Ford e Chrysler. O debate nos EUA tem sido aberto, amplo, apaixonado e extrapolou as fronteiras do país. O tema, mais complexo que parece. Ainda há dúvidas sobre o peso dos fatores que levaram aos prejuízos acumulados.

Uns acreditam que erros estratégicos, produtos inadequados, distanciamento do mercado, má aplicação dos lucros do passado e presunção são as únicas explicações. Outros apontam altos benefícios sociais voluntários aos empregados, subsídios aos fabricantes orientais e europeus por parte de estados com mão-de-obra barata e obrigatoriamente não-sindicalizada, como fardos insuportáveis.

O que vai acontecer depois dos empréstimos à GM e Chrysler também divide estudiosos e analistas da indústria. Karl Ludvigsen, por exemplo, consagrado jornalista e historiador americano, com passagens pela GM, Fiat e Ford, acredita que a Chrysler apresenta mais chance de recuperação do que Ford e GM (na ordem). Outros como Bill Visnic, do Edmunds AutoObserver, apontam para o desaparecimento depois de vender para concorrentes a marca Jeep e os monovolumes rentáveis.

Rexford Parker, ex-diretor da consultoria Auto Pacific, opina de forma objetiva: “Imagino uma GM menor, apenas com Chevrolet, Cadillac, Buick (só na China), Opel, Holden, além de sua empresa de tecnologia. Assim, bem enxuta, pode continuar e até viver muito bem! Precisaria apenas de 1.500 concessionárias, para vender 2,5 milhões de veículos/ano nos EUA (caso da Toyota), em vez de 6.400. Empregando trabalhadores que custariam, incluindo benefícios, na faixa de US$ 45/hora (Toyota e Honda) e não mais US$ 70/hora.”

Para ele, é razoável esperar que o grupo possa se estabilizar em um rentável terceiro ou quarto lugar no mundo, ao contrário de insistir em manter uma liderança inviável.

De que forma tudo isso se refletiria aqui? A menor das três, a Chrysler (mais Dodge e Jeep), possui presença pequena e apenas importando. A Ford, quarta colocada no ranking brasileiro, defende uma posição aproximadamente alinhada à participação mundial do grupo. Sua capacidade produtiva é menor e administrável.

Já a GM sofre pela superexposição de sua crise nos meios de comunicação e notícias sobre a ameaça de bancarrota. Sua cota de mercado no Brasil é bem maior do que a média mundial e vem sendo atingida nos últimos meses mais do que seus competidores. A recuperação pode depender da saúde financeira da matriz.

RODA VIVA

FABRICANTES que trabalham com estoques menores, como Toyota, praticamente limparam os pátios no final de 2008. Quando a fábrica de Indaiatuba voltar a produzir, na próxima semana, começará no mesmo ritmo de antes da crise, segundo fonte da marca japonesa. A Honda deve seguir pelo mesmo caminho.

PORSCHE, sob fiscalização da Dekra, fez um teste de consumo do 911, em estradas da Alemanha. Dirigido pelo jornalista Klaus Niedzwiedz, rodou 650 km e alcançou cerca de 15 km/l de gasolina, com velocidades entre 90 e 130 km/h. Realmente, um feito. Em concurso entre jornalistas, no autódromo de Fortaleza, o Mille Economy bateu os 27 km/l, sem velocidade média imposta. O 911, de 345 cv, é quase 5,5 vezes mais potente e 600 kg mais pesado.

SINALIZADOR de pontos de radares e pardais, Lince GPS, da empresa brasiliense Robotron, pode ser instalado em celulares HTC e navegadores Mio310/Quatro Rodas. A empresa aceita consultas para outras marcas de navegadores e celulares com GPS. Mais informações no site
http://www.robotron.com.br

SEGUNDO a Garrett, a combinação de turbocompressor e injeção direta de gasolina diminuem o consumo de combustível entre 15% e 20%. O fabricante de turbos espera que as vendas mundiais de carros com esses recursos passem de menos de 3 milhões/ano, hoje, para 9 milhões/ano, em 2013. Triplicaria a demanda na Europa e sextuplicaria nos EUA e China.

FRANCESA Gemalto, que opera no Brasil, acredita que os novos microchips (SIM Card) de tecnologia M2M terão grande aplicação nas plataformas de comunicação de rastreadores. A partir de agosto, o Contran obrigará que todos os veículos, até 2010, saiam de fábricas com rastreadores na intenção de diminuir roubos. Caberá ao proprietário contratar ou não o serviço.

*Fernando Calmon é jornalista especializado, engenheiro mecânico e correspondente da Revista CHIC, em São Paulo.
fernando@calmon.jor.br

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