Talvez poucos saibam, mas a data de 20 de Maio é especialmente importante para a Igreja católica romana. Foi em 20 de Maio de 325 que aconteceu na cidade de Nicéia, perto de Constantinopla, o primeiro evento ecumênico que daria origem a religião católica.
Na época, o imperador de Roma, Constantino, estava com o império em crise e viu que uma aliança com os cristãos seria uma oportunidade de consolidar e aumentar seu poder entre os povos. Foi quando decidiu fazer do cristianismo a religião oficial do império.
Em 313 DC promulgou o édito de Milão ou Édito da Tolerância, o qual acabou com a perseguição religiosa aos cristãos. Este édito foi sancionado por Constantino (tetrarca do Ocidente) e Licínio (Tetrarca do Oriente). Um pouco mais tarde Licínio dispensou o seu exército e seus políticos de seguirem este édito, fazendo com que inúmeros cristãos perdessem suas propriedades e a vida.
Por volta de 324 DC Constantino ganhou uma batalha contra Licínio, ordenou sua execução como traidor e se tornou imperador de todo império romano. Constantino sempre foi um grande político e teve a ideia de se unir ao cristianismo para ajudar a consolidar seu império.
Nesta época, os religiosos ficaram isentos de pagar tributos e ele construiu templos suntuosos para que os fiéis também pedissem prosperidade para o império e para o imperador. Foi o primeiro passo da Igreja-Estado ou Igreja-Império, porém existiam muitos textos religiosos e alguns conflitantes entre os povos de seu império, o que prejudicava a própria expansão da igreja.
Foi neste ambiente confuso que ele convocou no ano de 325 DC o 1º. Concílio Ecumênico, com o objetivo de se criar regras únicas para a Igreja Romana, tomando os devidos cuidados para que estas viessem ao encontro de seus interesses. Era necessário criar uma versão única ou oficial e foi o que Constantino fez. Ele convocou bispos e representantes religiosos de todas as províncias para o palácio de Nicéia e proporcionou toda espécie de mordomias aos participantes.
O bispo de Roma, São Silvestre, não pôde comparecer e enviou dois representantes, os presbíteros Vito e Vicente. O imperador colocou o bispo Ósio de Córdoba como seu representante e o próprio Constantino presidiu todas as decisões importantes. O Concílio se iniciou em 20 de Maio com perto de 318 representantes da igreja e terminou em 19 de Junho, com menos participantes.
Questões doutrinárias passaram a ser discutidas como questões de Estado e as controvérsias não eram aceitas. Alguns debates mais importantes foram a definição da divindade de Cristo e da Santíssima Trindade, expressos no Credo que até hoje é professado e os bispos que se opuseram foram mandados embora do concílio e exilados.
Também foi decidido oficializar o dia de descanso semanal no domingo ao invés do sábado, como era anteriormente e mudar a data de comemoração da Páscoa, que era comemorada na mesma data da Páscoa dos judeus. Uma das mais importantes decisões foi a oficialização de um cânone novo, somente com os evangelhos aceitos como verdadeiros.
O Novo Testamento ficou com somente quatro evangelhos, ou seja, Marcos, Lucas, Mateus e João. Existem várias versões sobre a escolha destes evangelhos e a mais aceita conta que como não chegavam a um acordo, os bispos foram convidados a deixar no chão todos os evangelhos, se recolher aos seus aposentos e ficar em orações até o dia seguinte. A sala foi trancada e somente o imperador ficou com as chaves.
No dia seguinte, os quatro evangelhos já mencionados estavam em cima do altar, numa clara evidência de que tinham sido escolhidos pela vontade divina durante a noite. Ninguém podia evidentemente questionar a vontade divina ou a palavra do imperador. Os outros evangelhos foram considerados apócrifos, hereges, queimados e banidos de todo reino. Da mesma forma, quem fosse pego com um exemplar, seria condenado à morte e seus bens confiscados para a nova Igreja-Estado.
Agora, recentemente, em 1945, foram encontrados vários evangelhos apócrifos cristãos produzidos entre os anos 100 e 200 DC, nos manuscritos do Mar Morto, que mostram outras versões interessantes sobre este período da História. Temos como exemplos o evangelho de Tiago, Tomé, Judas e muitos outros que viveram na época de Cristo.
O interessante é que esses relatos destoam dos oficiais que aparecem na Bíblia. Neles, Jesus tem um lado humano diferente, Madalena é uma grande líder, Judas não é o traidor e Deus é um princípio masculino e feminino. A respeito destes novos evangelhos, o padre e teólogo Luigi Schiavo, professor de Ciências da Religião da Universidade de Goiás disse: “Estes evangelhos representam outro cristianismo e têm grande valor histórico e religioso pois mostram novas interpretações sobre a figura de Jesus na origem do cristianismo”.
Um ano após o concílio, o imperador mandou matar seu filho Crispus, o marido e o filho de sua irmã e matou sua mulher Fausta. Ele retardou o seu batismo até as vésperas de sua morte, pois diziam que o batismo o livraria de todos os pecados cometidos antes deste ato. Após sua morte, em 337 DC, foi enterrado com honras de quem se tornara o 13º. Apóstolo. Ele foi representado na iconografia eclesiástica recebendo a coroa diretamente das mãos de Deus, tamanha sua bondade e trabalhos para a Igreja.
*Célio Pezza é escritor, mas tem sua formação em Química e Administração de Empresas. Casado e pai de dois filhos, nasceu em Araraquara, SP, mas em 2007 se mudou para Veranópolis, na serra gaúcha. Em 1999 publicou em São Paulo, pela Editora DPL, seu primeiro livro chamado A Nova Terra, romance que leva o leitor a refletir sobre a vida e rever alguns valores na busca de um mundo melhor.
Em 2000 publicou sua 2º obra intitulada O Conselho dos Doze (Editora DPL), onde aborda os perigos de certas tecnologias sem um devido desenvolvimento de consciência.
Sempre seguindo a mesma linha de levar o leitor a refletir, rever valores e questionar o processo tecnológico desassociado do crescimento moral e ético, publicou em inglês em 2006 nos EUA e Canadá pela Trafford Publishing seu livro The Seven Doors, composto de sete contos sobre temas polêmicos. Este livro foi publicado em português em 2008 pela Editora Age, de Porto Alegre, com o nome As Sete Portas.
Continuando sua trajetória lançou no final de 2008 pela Editora Age o romance Ariane – Uma história de amor e magia, onde mostra toda a força do amor e da amizade, superando até mesmo a distância entre dois mundos distantes.
Seu novo livro, A Palavra Perdida, foi publicado pela Editora do Maneco, de Caxias do Sul, neste final de 2009 e está sendo lançado no Rio Grande do Sul, Paraná e São Paulo. Esta obra está em fase de tradução para o espanhol e será lançado na Espanha e Argentina.
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