O MUNDO DÁ VOLTAS
* Fernando Calmon
Compactos estão na moda e não mais apenas no Brasil, onde dominam cerca de 80% das vendas se incluídas todas as versões de carroceria, do hatch às picapes, passando pelos minivans. Até nos EUA, onde mal passam de 15% entre os automóveis, há perspectivas de crescimento em curto prazo. Na Europa e no Japão a preocupação com o consumo de combustível sempre deixou uma boa fatia do mercado para compactos e subcompactos, hoje entre 35 e 40%.
As marcas premium também se renderam à necessidade de oferecer modelos menores, fáceis de estacionar, ágeis no trânsito urbano, de bom desempenho nas estradas e, claro, nível de acabamento, equipamentos e preço compatíveis com a fama. A Mercedes-Benz, mais discreta, optou pelos Classes A e B, enquanto a BMW respondeu com o Série 1.
O destaque, no entanto, foi o novo Mini, inspirado em um dos ícones da história, dos anos 1960. Sem dúvida, grande sacada da BMW que relançou o automóvel inglês com dimensões maiores e o transformou em sucesso mundial.
O mundo dá voltas e assim a arquitetura do A1 foi emprestada justamente pelo novo Polo. O novo modelo é mais curto, mais largo e mais baixo que o compacto da VW. Como este será fabricado no Brasil, por que não o A1, a exemplo do A3 anterior? O presidente da Audi do Brasil, Paulo Kakinoff, descartou a possibilidade no lançamento em Berlim, capital alemã: “Falta escala de produção”.
Linhas atraentes e encorpadas, típicas da Audi, sobressaem no A1. Sua distancia entre eixos (2,47 m) é praticamente a mesma do Mini, porém o espaço no banco traseiro (só dois passageiros) é um pouco melhor que o inglês. Este tem porta-malas menor por medir 24 cm menos no comprimento.
Um pequeno compressor pode encher um pneu furado, eliminando o estepe, mas aqui deve ser equipado com miniestepe. Há duas lâmpadas extras de pisca-alerta na traseira, úteis ao se levantar a tampa do porta-malas. Por ora, só existe a versão de duas portas, mas haverá o Sportback (4-portas) e o esportivo S1.
Guiar o A1 traz ótimas sensações por sua direção de respostas rápidas, banco e volante perfeitos, além do câmbio automatizado STronic de dupla embreagem e sete marchas – estado da arte em prazer ao dirigir. Impressiona, em particular, o motor 1,4 com turbocompressor e pós-resfriador, muito suave, de 125 cv e 20,4 kgf•m.
A fábrica informa aceleração de 0 a 100 km/h em ótimos 9,1 s.
O consumo médio de apenas 19,6 km/l de gasolina, no ciclo europeu de medição, mais brando que a norma brasileira, é alcançado com ajuda de recuperação de energia em freadas.
De série, o A1 traz o sistema desliga-liga o motor, muito eficiente no para e anda do trânsito. A economia de combustível pode melhorar até 20% nos engarrafamentos.
RODA VIVA
FIM dos tanquinhos para partida a frio com gasolina, nos motores flex, deve começar em grande escala em 2011. Uma das melhores soluções acaba de ser patenteada pela FPT, empresa de motores da Fiat: aquecimento do ar de admissão permite condições ideais, em dias frios, diminuindo a necessidade de energia para esquentar o etanol. Emissões e dirigibilidade melhoram.
LEI Seca – na realidade redução drástica de bebidas alcoólicas antes de dirigir – completa dois anos e menos mortos em acidentes. Média, no País, caiu 6% em 2009 sobre 2008. Persistem, no entanto, brechas quanto às provas jurídicas do crime. Fiscalização também não parece tão frequente em relação aos primeiros meses de vigência.
POSSIBILIDADE de acordo entre Brasil (inclui Mercosul) e União Europeia para diminuir o pesado imposto de importação de 35% sobre carros nunca esteve tão perto. Mas, não há prazo para a negociação terminar. Um dos obstáculos, a França insiste na proteção do seu mercado agrícola. A abertura seria gradual e com cotas anuais por fabricante.
PICAPES e furgões continuarão com IPI reduzido até 31 de dezembro. Alíquota de 4% subiria para 8% e 10%, no dia 1º de julho. Governo avaliou que esse mercado ainda precisa de sustentação, juntamente com caminhões. Picapes leves – Courier, Montana, Saveiro e Strada – serão beneficiadas e as médias também – Amarok, Frontier, Hilux, L200/Triton, Ranger e S10.
CARROS brancos já se veem com um pouco mais de frequência. Nada que indique uma guinada na preferência do consumidor brasileiro. Talvez a esperança de se transformar em leve tendência. Trata-se da opção mais segura em visibilidade e segurança – fora as cores vivas de baixa aceitação. Em países tropicais o branco transmite menos calor ao habitáculo.
* Fernando Calmon é jornalista especializado e correspondente da CHIC em São Paulo.
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